Quando a idéia chega, fico com um comichão danado de ver tudo pronto. Nunca espero a tinta secar 24h antes da segunda demão; nunca deixo a massa descansar por 3h, nunca meço o lugar onde pretendo colocar algum móvel e, sobretudo, faço uma breve leitura dinâmica das instruções das embalagens.
Isso tudo rende alguma frustração, furos desnecessários pelas paredes e algumas receitas perdidas. Mas eu não aprendo. A não ser nos casos em que realmente não tenho a mínima idéia de como fazer, como foi o caso do papel de parede que coloquei atrás da chapeleira aqui na sala de casa.
E olhando minha parede de memórias ainda em construção, vejo que poderia ter planejado melhor:

E até tive chance de fazer isso, pois mudei tudo de lugar quando pintamos a sala, recentemente. Mas recomecei a colocar as fotos de família em torno da gaveta de tipos, presente super bacana que ganhei de uma amiga amada e que acomoda todas as miudezas que encontramos pelo caminho. E distribui os retratos em torno dela, sem pensar muito.
Tem o meu retrato feito pelo meu artista preferido no momento, que enfeita muitos cantos da minha casa e foi pintado especialmente para o dia das mães (reparem como estou linda, com as pontas dos meus cabelos assimétricas bem do jeito que são mesmo!):

E tem a receita de queijadinha da avó do marido, escrita à mão, que guardo no meu livro de receitas. Minha grafic designer predileta fez a arte e eu pendurei junto da foto da minha avozinha, logo abaixo da foto da sogra na praia nos bons tempos (fiufiu):

Esses dias li lá no blog da La que ela sofre com as tentativas e erros de pendurar quadrinhos na sua sala. Entendi perfeitamente a angústia dela na montagem desses quebra-cabeças.
Mas por mais que eu também me angustie com a minha própria falta de planejamento, acho que a casa da gente não se faz do dia pra noite, por mais que planejemos. A casa é mais que as paredes, mais que as geringonças e móveis acumulados.
E as lembranças e presentes queridos que fazem parte da história de uma casa não chegam todas juntas, de um jeito planejadinho.
Parafraseando o RC, os "detalhes tão pequenos de nós dois...", ou de nós três, quatro ou cinco, chegam aos pouquinhos. E vão enchendo paredes, estantes, porta-retratos.
Como os postais japas que ganhei de aniversário de uma amiga mui querida. Um deles veio lindo e emoldurado em vermelho e está na mesinha, junto com uma das minhas fotos preferidas e com o John e o Paul (bonecos dos Beatles que dei de presente pro marido há uns anos), na espera de um lugar especial pra ser pendurado. Os outros, vou mostrar depois:

Então, olhando de novo para a parede da mesa da minha pequena sala, fico pensando que sempre há de caber mais uma lembrança, sempre há de ter um cantinho pra uma memória querida, assim como sempre arrumamos lugar na mesa pra uma visita inesperada. Pois pra que ter uma casa, senão para acolher, receber e guardar aqueles que amamos e as alegrias que vivemos?

Bom feriado!